02/09/2024 às 20:12

A Liberdade da Intimidade

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3min de leitura

Eu sempre fui amedrontada pelas críticas. Desde muito pequena ouvi muitas vezes: "já pensou, o que os outros vão falar?" Dos meus maiores medos estavam, os ratos, os ladrões, não sobrar doce pra mim, e a opinião alheia.

Mas eu não estava imune a ela, nunca. Então, eu tinha medo, porque eu sofria quando não era aprovada. E por mais que eu tentasse esta aprovação sempre, era impossível.

Na escola, ouvia um monte de... "A Anna Rúbya é crente". Lembrei aqui agora, enquanto escrevia, de um dia que, depois da faculdade, iríamos ensaiar pra tocar em um casamento. Eu tocava piano nessa época. Então, levei um dos livros de música clássica pra aula. Ele tinha alguns rabiscos, desses que a gente faz enquanto pensa na vida, fala ao telefone, e escreve aleatoriedades. Dentre árvores, nuvens, meu nome em vários estilos de letra, tinha também um "Jesus me ama!". E os rapazes da minha turma, leram e de uma forma debochada fizeram alguns comentários.

E com os outros crentes, infelizmente, as críticas de uns aos outros eram, travestidas de preocupação, pedidos de oração, ou alerta de mau exemplo, bem mais ferrenhas. Porque, elas tinham sempre o viés do julgamento divino... Deus não gosta disso... esta roupa não agrada a Deus... tem que ir, estar, fazer, porque Deus gosta... E sempre: se você fizer assim, não vai dar um bom testemunho... Acompanhado de: o que as pessoas da igreja vão pensar...

A maturidade e a intimidade com o Dono de todas as coisas, me fez entender que a Bíblia de quem não lê, sou eu, e não o meu julgamento. Que quando eu condeno o outro, o único que tenho certeza que está pecando, sou eu, porque não é meu o papel ser de condenador de nada. E o principal: meu papel é AMAR, a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesma. E agir, e falar, e calar, EM AMOR.

A partir deste ponto de vista, as críticas começaram a ter o seu peso, menos valorizado, na bolsa de valores do meu coração. E os elogios também. Não me importo mais de ser "a crente" do rolê, como também não me importo nem um pouco, de não ser "a mais crente".

Me importa, muito, e cada dia mais, ser quem ama, acolhe, abraça, escuta, e transmite o amor de Deus que recebe.

E mais ainda, muito mais ainda, me importa estar no melhor lugar do mundo, bem pertinho do meu Pai do céu.

Priorizei a minha INTIMIDADE com Deus...

Desde que eu decidi priorizar a minha INTIMIDADE com Deus à religiosidade…

Desde que eu decidi priorizar a minha relação pessoal com Deus e não a minha “performance”…

Eu passei a receber muito mais crítica, de 2 grupos distintos.

Pessoas que não tem relacionamento (e não querem ter) com Deus, e me acham CRENTE DEMAIS.

E pessoas que são religiosas, que gostam de parecer religiosas, que se preocupam com o testemunho da aparência e não da convivência. Pra estas pessoas eu sou CRENTE DE MENOS.

Ao mesmo tempo, eu passei a ser mais útil, mais usada por Ele, ouvindo as pessoas, amando de verdade, aconselhando, intercedendo com os joelhos dobrados. E isso, na maioria das vezes, nos bastidores, sem estar à frente, sem holofotes, sem púlpito e nem plateia.

E isso, me aproximou mais de pessoas de quem eu não preciso de elogios, mas que precisam do meu abraço, do meu colo, dos meus ouvidos, dos meus conselhos, das minhas orações, e que me dão a oportunidade de AMAR, como Deus, na intimidade me mostrou que é o que queria de mim.

Eu não trocaria uma vida sem críticas, em que eu estivesse mais preocupada em agradar as pessoas, e não em amá-las.

E eu não trocaria minha amizade íntima com Deus por uma vida sem críticas.

02 Set 2024

A Liberdade da Intimidade

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